Dona Preta e seu
Edelvirge: um casal emblemático de Nanuque
* “Mas não diga
nada
Que me viu chorando
(...) Diz que vou
levando
E se puder me
manda
Uma notícia boa.”
* Os versos acima,
descontextualizados da letra original, foram escritos em 1969 por três grandes
nomes da música popular brasileira, verdadeiros gênios - Chico Buarque,
Toquinho e Vinicius de Moraes. Dessa parceria nasceu o “Samba de Orly”,
clássico gravado por Chico no álbum “Construção”, de 1971, que tenho como item
básico da minha coleção de vinis e CDs.
Acordei hoje bem
cedo – como faço todos os dias - pensando em escrever algo sobre a dona Preta, honrosamente Orly Maria de Oliveira da Silva, que nos deixou no domingo
passado, 19/7. Seu nome inspirou a lembrança da música, e eu acabei ficando
aqui cantarolando, deixando fluir as emoções.
Ao lado do
grandalhão Edelvirge Rodrigues da Silva, estava carimbado um casal emblemático
da nossa cidade.
Ainda criança, fui um dia à casa deles, levado pelos meus
pais, contemporâneos de dona Preta e seu Edelvirge. Quanta simpatia!
Tantos anos
depois, sacode a lembrança da gente no barzinho do casal, ali no alto da Rua
Leopoldina, famoso pelo ambiente gostoso, em família, pelo guaiamum, buchada, a
cervejinha gelada e, principalmente, a doçura dos dois.
Numa cidade como
Nanuque, a gente acaba se lembrando de todo mundo que faz parte do nosso
convívio, mas tem gente que fica mais tempo agasalhado na lembrança, caso
daqueles dois apaixonados.
Dona Orly
completou 78 anos dia 25 de março, quando esse negócio de pandemia de coronavírus
parecia um fantasma longe daqui, lá pros cafundós da China, mas resolveu
atravessar o mundo pra tirar nosso sossego.
Era natural de
Aimorés, cidade mineira do Vale do Rio Doce. Aos 20 anos, em 1962, veio morar
em Nanuque, acompanhando a família, mesmo ano em que conheceu o grande amor da
sua vida; começaram a namorar. Apenas oito meses depois de se conhecerem, resolveram
eternizar o amor e se casaram na Igreja Imaculada Conceição.
Não demorou muito
para a primeira filha, Ederly, entrar em cena; depois, vieram Edvânia e Sandra.
Os frutos foram multiplicados com cinco netas e dois netos. Mas a extensão do
carinho do casal propiciou algo em torno de uns 70 afilhados.
Morena bonita, sorridente e falante, virou a dona Preta, pessoa ativa e participativa. Trabalhou como Agente Comunitária de Saúde nos PSF dos bairros Vila Nova e Vila Esperança e foi professora de corte e costura, mas tinha mesmo era o sangue de empreendedora. Atuou em diversos setores, como salão de beleza, confecções e costura. Em 2005, adquiriu o armarinho Vanusa, que posteriormente se tornou Armarinho Arco-Íris. Sempre apaixonada por costura e artesanato, foi uma excelente artesã. Quem conheceu seus bordados e crochês, teve o prazer de ver o carinho aplicado em cada ponto.
Como testemunha
sua neta Mayne, Orly foi “uma mulher de muita fé e devota fiel de Nossa
Senhora, dedicou grande parte da sua vida para as atividades voluntárias da Igreja
Católica, como catequista, ministra da eucaristia, presidente do Apostolado da Oração,
membro do Sagrado Coração de Jesus, idealizadora do ECC em Nanuque e engajada
em diversos projetos sociais.”
E mais: “Adorava
reunir a família para celebrar o amor e tinha muito orgulho de tudo que
construiu. Foi um exemplo de esposa, mãe,
avó, irmã, cunhada, tia, madrinha, sogra e amiga. Sempre se entregou com
todas as suas forças para emanar carinho e amor ao próximo, mulher amada,
forte, guerreira, otimista, com muita sede de vida e irradiava alegria como o
sol irradia luz. Nunca desamparou quem necessitasse de amparo.”
Mayne arremata,
dizendo: “Há pessoas que ficarão eternizadas pela emoção que proporcionaram;
não importa o amanhã, elas existirão para sempre. Agradecemos a Deus por ter
nos dado a chance de um de seus anjos ter vivido conosco. Nós sempre te amaremos
e as saudades serão eternas.”
* Ainda sobre o “Samba de Orly”, independentemente de quem tenha sido a
Orly inspiradora do Chico Buarque (que tem 76 anos), ou do Toquinho (74) ou
mesmo do Vinicius de Moraes (que morreu em 1980, quando tinha 66), por enquanto
fica difícil “mandar uma notícia boa”.
Por aqui, só saudade. Um casal desfalcado, a ausência da metade de um
par perfeito. E, enquanto ficamos por aqui, vale o bordão: vida que segue!
Eu tenho orgulho de dizer q era minha tia irmã de minha mãe...
ResponderExcluirLinda homenagem a minha tia... queria tanto voltar a ser criança só pra ouvir que a senhora virou uma estrelinha.. e todos os dias olhar para céu e procurar a senhora.. minha tia babá
ResponderExcluirMuito obrigada pela homenagem. Ficou muito linda.
ResponderExcluirSaudades eternas, sem palavras.
ResponderExcluirDé, Preta era daquelas pessoas que eu considerava imortal. Nunca me passou pela cabeça que um dia ela morreria. Eu tenho esta ideia a respeito de certas pessoas. Ela se foi e deixou em mim e em todos os seus amigos a sensação de que foi ali, nas volta logo. A saudade é cruel mas temos que estender esta certeza: não somos eternos na terra. Mas que ficou coisa sem ser falada, ah, ficou...que Deus continue cuidando de vc, amiga.Arlete Cruz Nascimento.
ResponderExcluirLinda homenagem para a Dona Preta! Que a passagem dela aqui neste mundo sirva de exemplo positivo a vários casais e famílias. Meus sinceros sentimentos a família e que deus conforte o coração de todos.
ResponderExcluirNão me lembro dela,mas me emocionou essa linda homenagem;com certeza merecedora.Muita luz d.PRETA.
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