Em seu
terceiro mandato como vereadora eleita, ela tem carimbado no dia a dia o papel de "boazinha"
Rozilene
Ramos Almeida, a Nininha, é uma senhora que completou 52 anos de idade em
outubro e está terminando agora, em 2018, o seu quarto ano consecutivo como
presidente da Câmara Municipal de Nanuque. Comandou a casa de leis nos dois
últimos anos do ex-prefeito Ramon Ferraz Miranda (2015 e 2016) e permaneceu no primeiro biênio
do atual Roberto de Jesus.
Para uma
cidade que viveu tempos de conflito e queda-de-braço entre Executivo x
Legislativo, o que trouxe instabilidade política, a principal característica de Nininha na presidência da Câmara é o
clima de paz por ela promovido, decorrente de sua postura dócil, na convivência dos dois poderes.
A presidente que prefeito sonha, quer e faz tudo para ter na Câmara
Decididamente,
Nininha é a presidente de câmara que todo prefeito sonha ter, quer ter e faz
tudo para ter.
O QUE DIZ A
CONSTITUIÇÃO
A Constituição
Federal, lei maior do Brasil, é bem clara quando, em seu artigo 2º, assegurou a
tripartição dos poderes. Diz o texto: “São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” Isso vale nos
níveis federal (Presidência da República e Congresso Nacional), estadual
(Governo do Estado e Assembleia Legislativa) e municipal (Prefeitura e Câmara).
Vale frisar
duas palavrinhas: “independentes” e “harmônicos”. O foco central seria
exatamente a compreensão de que um poder, em seu raio de ação, garantiria o
equilíbrio, graças à sua autonomia.
Parte dessa
raiz teórica está lá atrás, com Aristóteles, que viveu entre 384 e 322 antes de
Cristo na Grécia. Pregava a existência de três funções: 1. função de criar as
leis (Legislativo); 2. função de executar e administrar (Executivo); e 3.
função de julgar (Judiciário). De lá para cá, os filósofos John Locke (inglês)
e Montesquieu (francês), que viveram entre os séculos XVII e XVIII
consubstanciaram a teoria.
Referências do conhecimento político |
Traduzindo:
uma câmara de vereadores deve sustentar o seu papel, a sua importância e a sua
independência. Cada poder tem suas atribuições específicas. É cada qual no seu
cada qual.
Historicamente,
não apenas em Nanuque, mas pelos brasis afora, prefeitos sempre interferem na
eleição da presidência da Câmara. É até natural. Dessa forma, quando um
presidente é eleito perante um grupo de vereadores, fica com uma espécie de “dívida
ativa” no ar.
NININHA DO
BEM: PRÓS E CONTRAS
No decorrer
de 2017 e 2018, o estilo Nininha de ser e de se postar como presidente do Legislativo
teve seus apoiadores, mas, ao mesmo tempo, fermentou atitudes e pensamentos contrários.
Como exemplo, em abril do ano passado, durante a votação do polêmico Projeto de Lei nº 03/2017, de autoria do prefeito, que autorizava o Município a cobrar na Justiça dívidas dos contribuintes com o Município referentes ao IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), o placar terminou empatado em 6x6, cabendo exatamente a Nininha o voto do desempate, o chamado “voto de Minerva”. E para não desagradar o prefeito, ela votou sim, resultando na aprovação da matéria.
Como exemplo, em abril do ano passado, durante a votação do polêmico Projeto de Lei nº 03/2017, de autoria do prefeito, que autorizava o Município a cobrar na Justiça dívidas dos contribuintes com o Município referentes ao IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), o placar terminou empatado em 6x6, cabendo exatamente a Nininha o voto do desempate, o chamado “voto de Minerva”. E para não desagradar o prefeito, ela votou sim, resultando na aprovação da matéria.
Em outras
votações de proposições de autoria do Executivo, na maioria das vezes a
unanimidade prevaleceu a favor do prefeito.
Em linhas gerais, Nininha foi sempre parceira. Até demais. Outro exemplo foi publicado há algum tempo, no site da
Câmara, conforme uma “Prestação de Contas Detalhada”, englobando o período de
01 a 30 de agosto de 2017, onde constava um valor de R$ 261.535,95 sob o título de “Repasse
Prefeitura”, o que seria uma “devolução” ao Município de possíveis “sobras” do
Legislativo.
A TRAJETÓRIA
DE NININHA
A primeira
tentativa eleitoral de Nininha foi nas eleições de 2004. Filiada ao PSDB, de
onde nunca saiu, ela concorreu a vereadora e, mesmo com 462 votos obtidos nas
urnas, não conseguiu se eleger, ficando na primeira suplência. Na mesma
legislatura, conseguiu assumir a vaga.
O seu grande
momento aconteceu em 2008, quando foi a 6ª vereadora mais votada, com 641
votos. Em 2012, com 525 votos, ficou em 7º lugar e garantiu a reeleição, proeza
repetida em 2016, com 393 votos, suficientes para a 8ª posição entre os mais
votados.
MUDANÇA DE
COMPORTAMENTO
De acordo
com opinião manifestada por alguns vereadores, 2018 não foi diferente do que
foi 2017. Não se esperou, exatamente, uma virada de mesa ou de se excitar vereadores
a se tornarem oposição de uma hora para outra. Nada disso. Porém, o encanto das
flores, naquele clima de concordância plena, de aceitar, de ceder e de dizer
amém, corre o risco de não mais se repetir.
QUEM SERÁ O(A)
PRÓXIMO(A) PRESIDENTE?
Faltando um mês e meio para o fechamento do ano e fim do biênio de Nininha no comando do Legislativo, agora a movimentação dos vereadores gira em torno de quem será o próximo presidente ou a próxima presidente. A Câmara tem dez homens e três mulheres.
O prefeito, mesmo com todo desgaste político e administrativo do seu governo, com certeza ainda pode interferir de forma decisiva na escolha de quem será o(a) sucessor(a) do trono, seja para manter a mansidão e obediência de Nininha ou recuperar e fazer valer o papel de Poder Legislativo independente de fato e de direito. (Prof. Ademir Rodrigues de Oliveira Jr.)
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