Quase 50% do eleitorado de Nanuque é formado
por analfabetos, por cidadãos que apenas leem e escrevem e, ainda, por pessoas
que nem concluíram o ensino fundamental
Todos
os dias, de domingo a domingo, recebo em média algo na faixa de 80 a 120
mensagens de WhatsApp exclusivamente de candidatos a vereador, sem contar as de
candidatos a prefeito - em número menor, claro. Por semana, passam de 500; por
mês, ultrapassam 2 mil.
Já
nas eleições municipais de 2016 e, mais intensamente, nas eleições de
governador e de presidente da República, em 2018, alguns ditos “marqueteiros” (“marketeiros"
para alguns) diziam que as redes sociais decidiriam as eleições. Ou seja: quem
fizesse bom uso desses canais, com certeza chegaria mais rapidamente e com
certa proximidade ao eleitor, traduzindo-se em voto.
Agora
em 2020, cabe a pergunta:
- Redes sociais
vão garantir a eleição de quem mesmo, se todo mundo está fazendo uso exagerado delas?
Virou uma espécie de padronização.
Como se não bastasse, as mensagens são parecidas: imagens e frases curtas de autoajuda, versículos bíblicos, datas comemorativas, conselhos morais e espirituais, acompanhados do inevitável pedido de voto.
Poucos arriscam
fazer diferente. E quem faz diferente, acaba sendo ignorado, diante da profusão e esbanjamento de fotos, cards, banners, gifs e outras coisinhas que movimentam o
aplicativo de celular. Quando o assunto é Facebook ou Instagram, vão na mesma
linha.
E
outra pergunta, indispensável:
-
As mensagens publicadas/enviadas nas rede sociais atingem todo mundo?
Durante
a pandemia, fui contratado para coordenar uma pesquisa de opinião pública eleitoral
em uma cidade vizinha de Nanuque. Um dos questionamentos era exatamente a
respeito do uso de redes sociais. Ficou constatado que nada menos que 28% dos
eleitores consultados não fazem uso dessas maravilhas da tecnologia.
Direcionando a Nanuque, vou às estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e
verifico que, no quesito escolaridade, o eleitorado do Município é composto por
2.786 eleitores completamente analfabetos, o que corresponde a 9,38% dos 29.715
cidadãos que estão em situação regular para o exercício do voto.
Somando-se
a estas quase 3.000 pessoas assumidamente analfabetas, temos a faixa dos que
declaram saber “ler e escrever” – 3.224 cidadãos (10,85%) e aqueles que ainda não
concluíram o ensino fundamental – 8.461 pessoas (28,47%).
No total, chega-se a um universo de 14.471 eleitores - 48,6% do total.
Dependendo
do texto e do contexto da mensagem, com certeza muita postagem que é enviada ou
publicada nas redes não consegue ser lida, entendida, absorvida, compreendida,
interpretada.
Por
isso, ontem, hoje e sempre, vale recomendar aos candidatos: o corpo a corpo
continua sendo insubstituível, mesmo em tempos de pandemia.
Por
isso, aconselho: máscara, álcool em gel e sola de sapato.
Vamos
caminhar! Subir e descer ladeiras! Pedir votos no centro, mas, principalmente,
nos bairros, nos distritos.
Ao
enviar ou compartilhar uma mensagem, pode ser que o seu eleitor não saiba lê-la.
Aí, não vai adiantar muita coisa.
Faltam nove dias para as eleições.
Sebo
nas canelas! Vamos pedir votos!
Rede
social é bom? Claro. É preciso? Sim. Mas todo mundo está usando, e de forma
muito parecida, muito igual. Acaba ficando desinteressante.
Ou
você inova, cria, mostra propostas de trabalho, algo substancial, ou você será
apenas mais um entre os mais de 170 candidatos a vereador.
Como
se diz, “fica a dica”.
Aproveitem
os poucos dias que faltam para as eleições e vão atrás do eleitor, em corpo e
alma.
Prof. Ademir Rodrigues de Oliveira Jr.
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