quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

PROF. TIM TAMBÉM ACONSELHA ROBERTO A RENUNCIAR: “SERÁ O CAMINHO MENOS SOFRIDO DO POVO. TENHO CERTEZA DE QUE PIOR NÃO FICA”


“Roberto de Jesus tornou-se refém do seu próprio discurso”


“Nanuque está à beira do colapso econômico e social”

Do alto dos seus 75 anos, completados dia 1º de novembro, o economista João Gonçalves dos Santos, o conhecido Prof. Tim, presidente de honra do partido Cidadania (ex-PPS), sempre teve atuação decisiva nas eleições que se sucederam em Nanuque nos últimos 30 anos.

Se muitos líderes partidários preferem o silêncio e a omissão diante de questões relacionadas ao dia a dia de Nanuque, não é o caso de Tim. Está sempre presente às sessões da Câmara e participa regularmente dos acontecimentos políticos e sociais da cidade. E foi assim que ele concedeu mais uma entrevista à NEXUS ASSESSORIA, agora publicada no blog JORNAL DE NANUQUE.

“Um mandatário arrogante, prepotente e cada vez mais distante do efeito de seu verbo”

- Amigo professor Tim, ficamos sabendo que, no início do atual governo, o prefeito Roberto de Jesus chegou a lhe procurar várias vezes para buscar aconselhamento e orientação. Como sempre acontece, o senhor foi gentil e prestativo. Agora, ao término do terceiro ano de mandato, a gente vê um governo esfrangalhado, perdido. O que pode ter acontecido, na sua opinião?

PROF. TIM - Na verdade, poucas foram as vezes em que conversamos e, quando isso aconteceu, recebi a sua visita e ele repetiu o mesmo discurso do início de campanha, pedindo apoio. Falei que consultaria o partido e, no meu regresso, reuniríamos. Ficamos no aguardo do seu chamamento, mas não houve manifestação de interesse.

A expectativa causada por sua linha verbal de seus discursos de campanha ultrapassou a realidade das demandas propostas, pois todos que participaram na eleição passada sabiam da grave crise financeira do Município, e como ele vivenciou situações atípicas nas gestões anteriores, foi considerado o ‘santo milagreiro’, tipo São Roberto/São Barreto. Daí que a importação de mão de obra qualificada de outros municípios e até estado vizinho causou um rombo, a ponto de criar obstáculos para efetuar os pagamentos dos servidores e fornecedores.

A falta de habilidade política para enfrentar as adversidades ideológicas, das equipes, distanciamento do poder paralelo legislativo fizeram de Roberto refém do seu próprio discurso, transformando-o em um mandatário arrogante, prepotente e cada vez mais distante do efeito de seu verbo.

Qualquer outro no seu lugar procuraria no primeiro momento fortalecer com o Legislativo, para a própria agilização e harmonia dos poderes, como está na Constituição. Acreditar em discurso com uma economia fragilizada e um Município com um IDH igual ao nosso é um péssimo sinal de conhecimento de gestão pública. Não se pode mexer no bolso da comunidade, faltou o combustível que move o mercado. Nanuque está à beira do colapso econômico e social.

Esqueci de frisar que a expectativa de seu sucesso atingiu até os seus adversários, pois, assim como toda a comunidade, esperávamos uma solução para quase todos os setores em médio prazo e, na medida em que não aconteceu, as pessoas começaram a se desiludir.

O Executivo não pode ter ciúmes do Poder Legislativo, deve ser um casamento para a cidade.

Roberto distanciou demais dos setores produtivos, ficou na expectativa de emendas parlamentares, e sabemos que emendas não realizam projetos, são apenas emendas, que são pedaços e mais pedaços. Um gestor deve ser articulado com projetos propostos diretamente aos ministérios e usar a força política do Poder Legislativo para ajudar na sua execução. O Executivo não pode ter ciúmes do Poder Legislativo, deve ser um casamento para a cidade.

Um grande pecado: Orçamento incompatível com a realidade, houve fala do próprio gestor que estava gastando mais de 30% na saúde. Não se consegue equilibrar as contas com folha de pagamento a 57% ou mais e saúde 30%, qualquer leigo sabe que é suicídio financeiro.

- Coincidentemente, dois vereadores que já passaram pelo seu partido Cidadania, ex-PPS, o Aranha, atual vereador, e o Rivaldo, ex-vereador e ex-presidente da Câmara, já recomendaram publicamente a renúncia do prefeito Roberto. Você também o aconselharia a renunciar?

"Torna-se desumano permanecer no comando da máquina pública"

PROF. TIM - Meu caro camarada e guru Ademir Jr., verificando a situação atual em que se encontra a cidade, e tendo a maior fonte pagadora dos bens de serviços o setor público municipal, segundo comentários com três anos de 13º salário a pagar e quatro folhas de pagamento mensais, outros débitos e com recursos bloqueados, sem nenhuma expectativa de receita futura extra, eu, sinceramente, pelo que virá no futuro, no acúmulo de problemas, torna-se desumano permanecer no comando da máquina pública.

O prefeito, com sua formação acadêmica, sabe que se cochilar vai cair, e a comunidade está também sofrendo, o que fortalece o contraditório dos poderes Judiciário e Legislativo. São cidadãos que sentem também. Pensando no bem-estar social do nosso povo, acho que a renúncia será o caminho menos sofrido do povo. Tenho certeza que pior não fica, porque com um novo governo instalado o custo da gestão reduz, por menor que seja o conhecimento de gestão do gestor. Tenho certeza que a carga de compromissos vai se reduzir, sobrando dinheiro para pagar servidores, fornecedores e cuidar da cidade.

- Como analisa o futuro político de Roberto de Jesus?

PROF TIM - Na politica, ninguém pode prever com certeza as possibilidades de sucesso com medidas ou métodos, mas, no caso específico de Roberto, ele massacrou uma classe de seus trabalhadores para resolver um setor (Saúde), não logrando êxito, com um passado já tachado de perseguidor, isso o coloca no topo da Curva de Curtose como indesejável. Em estatística, a Curva de Curtose é usada para demonstrar o nível de significância de um elemento observado: uma gestão, a venda de um produto, consumo etc. Quero dizer que Roberto está colocado no topo da Curva de Curtose, na região crítica, como indesejável.

Como política é muito flexível, ainda sobra lá na zona de rejeição da curva na direita e esquerda o índice de 0,5, que é o erro de significância. 

Em sua campanha de 2016, Roberto procurou potenciais candidatos a vereador de eleições anteriores, gente com média acima de 100 ou 150 votos, e a estratégia deu certo, afinal ele ganhou a eleição. Você acha que essas pequenas lideranças comunitárias ainda estão com ele? Confiam nele?

PROF. TIM - Como reunir apoiadores, se em suas propostas nada foi efetivado? Roberto foi vítima do excesso de “eu”: eu faço, eu decido, eu resolvo. Essa atitude o isolou naquela maldita cadeira. Uma pena, pois até eu estava no grupo dos espectadores de uma gestão dos sonhos: solidária, ética, transparente e com índice de diversidade altíssimo, pois sua origem de pessoa humilde para mim caracterizava um modelo exemplar.

E agora, como formar grupo? A máquina com cofre vazio, sem crédito junto ao mercado, quem investe num projeto de falência absoluta?

A própria reforma partidária propõe aos partidos uma reunião de candidatos com possibilidade de sucesso, o que torna difícil para o político com um índice de rejeição alta, juntar aliados e serem recebidos com aplauso pelo seus ex-eleitores.  Acho difícil o seu futuro, pois precisará de representantes na sua bancada, para defender e aprovar as contas, etapa difícil do gestor. Saída triste e melancólica...


"Momento é de guerra declarada entre Executivo e Legislativo. Vejo que as denúncias preenchem os ditames da lei. Não vejo escapatória para que o Executivo não seja afastado"

- O senhor acompanha regularmente as sessões da Câmara e certamente tomou conhecimento do teor das representações protocoladas pelo servidor Amarildo Batista dos Santos contra o prefeito. Com o conhecimento que o senhor tem de gestão pública,  acha que as denúncias procedem?



PROF. TIM - Apesar de achar que a cassação do mandato do prefeito é um processo doloroso, não vejo escapatória. É matéria que precisa dos votos de dois terços, ou seja, nove votos, para aprovação. Acho que o momento é de guerra declarada entre Executivo e Legislativo. Vejo que as denúncias preenchem os ditames da lei. Repito: não vejo escapatória para que o Executivo não seja afastado. As denúncias são graves, as comissões processantes instaladas têm como presidente e relator vereadores de oposição ao prefeito e também com movimentos de classe manifestando apoio aos processos instalados. Claro, como falei, vai precisar de nove votos para cassação do prefeito, mas, com base no teor das denúncias, não encontro outra opção a não ser a efetivação do afastamento do prefeito, haja vista que tudo dependerá da condução do processo pela Câmara e o próprio pensar político dos vereadores que sonham com a reeleição. Acho que esse momento para a Câmara é importantíssimo, pois, como falei antes, quem defenderá no próximo mandato a aprovação das contas do atual gestor? Coisa para pensar sem olhar para o umbigo, acho que a situação terá que repensar isso. Foi a razão que busquei para defender a renúncia educada e compreensiva do prefeito e olhar para novos horizontes.

- Para concluir, alguma uma mensagem ao prefeito?

PROF. TIM - Uma coisa que não levo jeito é conselho! Fui consultor econômico e professor da Fundação Percival Farquhar, quando um gestor me falou: "Você não serve para conselho, pois não aceita fracasso". Mas, nesse caso de Roberto de Jesus, eu tenho que deixar que o coração fale mais alto. Lembrar da sua caminhada como estudante de primeiro, segundo e terceiro graus, sempre ao seu lado na sua defesa e na expectativa de um dia vê-lo no mais alto nível de nossa comunidade. Ao meu caro amigo, irmão camarada prefeito Roberto de Jesus, desejo um Natal cheio de bênçãos e um Ano Novo repleto de grandes decisões. Às vezes, o coração  rasgado pela dor vira retalho. Recomenda-se, nestes casos, costurá-lo com uma linha chamada recomeço. É o suficiente.

5 comentários:

  1. Sei pouco da situação atual de Nanuque em sua economia (ouvem-se comentários de que não está bem) e da gestão do prefeito Roberto de Jesus, que passaria de uma promessa à solução da maioria dos problemas da cidade, mas lendo o discurso do prof. Tim, e buscando ver a sua hermenêutica, podemos ponderar que Tim tem profundo tino e sensatez política. Nesse caso, a sua visão tem muita lógica. Roberto, diz ele, de forma pacífica, 'renuncie'. Reúnam-se os Dois Poderes em questão, e seja tomada uma decisão que busque o equilíbrio, e tente tirar a cidade da bancarrota. E se diz lá "Pior não fica" (se houver a renúncia). Que seja essa a 'iniciativa' salvadora. Abraços a todos. Felicidades.

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  2. Sensato,integro,original, desafiador,articulador,perfeccionista, amigo.RASSUDO,colecionador de conquistas,vitórias e porque n derrotas? Assim agrega alguns itens que definem a petsonalidade do prof. Tim politiqueiro.
    " Veras que um filho teu não foge a luta," jamais.

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  3. Verás que um filho teu n foge a luta...

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  4. O professor Tim contribuiu muito para a cidade de Nanuque. Construiu uma trajetória como educador, e com seu engajamento político, sempre se pautou pela ética e por valores elevados. Grande Venerável da fraternidade, Grande Oriente que muito ajudou na formação de personalidades e dando elementos orientativos aos inúmeros irmãos que estiveram sob a sua tutela. No campo econômico, utilizou de sua formação como economista e consultor desenvolvimentista para nortear políticas públicas como a casa do menor adolescente CEAM que muito contribuiu na formação de menores aprendizes, sobretudo proporcionando dignidade aos menores.
    Nanuque tem muito que se horrar do professor Tim que não merece ataques na sua dignidade como cidadão e homem público de Nanuque.

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