Episódio de hoje:
“A volta dos que não foram (foi só uma
saidinha...)”
Nos anos 80, exatamente em 1984, o Brasil não usava
telefone celular, computador era coisa distante da vida das pessoas e internet,
nem pensar, mas Zé Galdino e Ubaldo já existiam, ou melhor, tinham acabado de
nascer, paridos de um caso entre a cabeça de um cara de 19 anos e uma velha máquina
de datilografia.
Quase 35 anos depois, Zé e Uba estão de volta, sempre no seu
habitat natural, que nada mais é do que uma mesa ou balcão de boteco, no melhor
estilo “copo sujo”, como são conhecidos de forma elegante e preconceituosa os melhores
botequins da vida.
E lá estão eles, em qualquer boteco da cidade, tomando
umas e outras, falando disso, daquilo e de sei lá mais o quê...
- Grande
Zé...
- Meu
amigo Ubaldo...
- Bom te
ver aqui de novo...
- Digo o
mesmo... Tanto tempo, né... A gente vai vivendo e aprendendo a dizer: “vivendo
e aprendendo”... Só que não aprende porra nenhuma... hehehe... Ô chefiaaa!!!
Traz uma cerveja aqui pra gente!!!
- Esse é
o velho Zé Galdino da Silva que conheço... quaquaquá...
- Da
Silva, pode ser, mas sem Lula, tá bom...?
- Claro,
claro... Tem muita gente botando Lula no nome, como se fosse nome social, eu hein...
- Ainda
toma uma pinguinha?
- Sim.
-
Chefiaaa!!! Bota duas pinguinha e uma bandinha de limão também!!!
- Quem
diria, hein Zé... A gente em tempo de internet, zap-zap, feicebuque,
instagranas, vistos agora pelo mundo inteiro...
- Pois
é, Uba... Mas a grana continua pequena, em compensação, a alma...
- Foda
essa vida, né? Mas tá bom. A gente ainda tá vivo, a cirrose ainda não nos
pegou, nem a incontinência urinária... quaquaquá...
- O
pulso ainda pulsa, Ubaldo véi... Lembrei de um amigo que tinha a mania de
deixar o relógio sempre adiantado 10 minutos...
- E daí?
- Morreu
dez minutos antes, só isso... hehehe...
- Por
falar em morrer, tá acompanhando a política?
- Sim,
de cabo a rabo, de Nanuque a Brasília, a mesma merda de sempre... Acho que
melhor é ficar sem saber de porra nenhuma, Ubaldo. Penso que o emburrecimento é
o segredo da eterna felicidade, hehehe...
- Zé, e
a prisão de Lula? O pepino do Temer, do Aécio e de um monte de filadamãe aí?
-
Questão de tempo. Justiça tem essa demora, os tais prazos, as decisões, os
recursos, os embargos dos embargos dos embargos, mas tem hora que sai alguma
decisão inteligente e – pimba! Lula tá preso. Como se diz por aí, ninguém está acima da
lei, só se for a lei da gravidade... hehehe... Acredito em Deus, não sei se ele
acredita em mim, pois até eu desacredito, mas...
- Eu
também duvido...
-
Pinguinha tá boa, né...
- Boa...
Zé, e o prefeito aí, o que a gente pode esperar desse governo, hein?
-
Ubaldo, acho que a gente pode esperar tudo... inclusive nada, hehehe... Até
porque o tudo contém o nada, mas o nada nem sempre tem tudo, então, quem tem
tudo pode ter nada, mas quem não sabe nadar...
- Vixe!
A cachaça já tá batendo rápido, véi? Ou você passou uns dias convivendo com a Dilma? A
ex-presidente é que não falava coisa com coisa e não se expressava porra
nenhuma, e tinha gente que batia palma...
- Pior
que ainda tem, Ubaldo. Pior que ainda tem...
- Mais
uma pinga aqui, chefiaaa!!!
-
Continuando a conversa, acho que o prefeito tá tentando começar o trabalho. Eu
acredito! Nessa semana, inclusive, ele anunciou que vai tapar os buracos das
ruas, já é um bom começo, né? Nanuque tá feia, suja e esburacada, mas vamos
acreditando. Não podemos perder a esperança. Quem quiser, que se mude pra Reta,
pro CAIC, pro Zarur, pro UDR, pro centro, sei lá...
- Vila
Esperança é o bairro da presidente da Câmara, né, Zé...
- Quem?
Ah, a Nininha boazinha, caridosinha... hehehe... A eterna presidente da Câmara.
Enquanto for eleita, será sempre presidente, Ubaldo...
- Não
entendi... Por quê?
-
Ubaldo, a Nininha é a presidente de câmara do sonho de qualquer prefeito. Pode
entrar e sair prefeito, mas Nininha fica. Ela é muito gente boa... hehehe... Vamos brindar aqui a Nininha... hehehe...
- Pois
é, né, Zé...
-
Chefiaaa!!! Outra cerveja!!! Daquela pocando...!!!
-
Ubaldo, a vida pública é assim. Tá vendo Brasília? Tem político que está sempre
na moda, outros que até conseguem ficar fora de moda, são os “modíocres”. Como
aquela dúvida: fazer xixi na praia vai aumentar ou diminuir a salinidade
relativa dos oceanos?
- Ah,
Zé, vai perguntar isso pra Lula... De repente ele sabe.
- Hehehe...
Daqui a pouco, você vai começar aquele papo de coxinhas e pastéis...
-
Quaquaquá...
- O
pastel, antes da primeira mordida, é sempre um mistério recheado de surpresas.
Coxinha vai pelo mesmo caminho, a diferença é que o pastel tem um enorme vazio
entre carnes e queijos suspeitos, enquanto a coxinha é mais cheinha...
hehehe...
- Os
candidatos a deputado já começam a aparecer, né...
-
Ubaldo, falando francamente, alguns pais de políticos poderiam ter usado
camisinha ou tomado anticoncepcional antes da merda que fizeram...
-
Cerveja tá gostosa...
- Sou
mais aquela morena baixinha que passou ali do outro lado da rua agora...
- Ué,
Zé, tu tá véi... Te toca, mané...!
- Sou
mais novo que o Temer, rapaz! Ele já vai emplacar 78, mas a Marcela tem 34...
- Mas
você não é Temer!
- E nem
aquela baixinha ali é a Marcela, uai... hehehe... Por falar nisso, dia 16 de
maio ela vai completar 35... Bonitona ela, né...? E eu sou mais gato que o
Temer... hehehe... A diferença é que tô sempre quebrado...
- Será
que ela vai convidar nós dois pro aniversário?
- Onde
vai ser?
- Não
sei, mas tenho certeza que não será na Lagoa dos Namorados, nem na Gurilândia,
nem na Praça de Alimentação, nem no Social Clube, nem no Pedra Negra, nem na
sede do Lions, nem no Coreto em frente à Prefeitura... Desgraça pouca é bobagem,
comida de porco é lavagem, quaquaquá...
- Vejo
que não estás mais aguentando beber, doutor Ubaldo... hehehe... Tá parecendo
certos políticos por aí, que toda hora caga e senta em cima... Só não pode é
chorar, como o Geddel chorou, nem dizer que não sabe de nada, como Lula ficou
viciado em dizer. Fico pensando que somente o álcool liberta o ser humano dos
bloqueios da razão, ou seja, bêbado não tem dono... hehehe...
- Daqui
a pouco o dono do saite ou do blogue aí vai querer que a gente escreva os
dizeres “beba com moderação”... quaquaquá...
- Ubaldo,
você gosta de ceder?
- CD?
Prefiria o velho LP, mas veio o CD, mas agora nem CD mais eu tou ouvindo
direito... Já peguei uns pendraive...
- Tô
falando de ceder, do verbo ceder, que vem de cessão...
- Sessão
da câmara de vereadores ou seção de tapa-buraco da secretaria de obras? Que
porra é esse, Zé?
- Ah,
vai pra merda! Acho melhor ir no banheiro dar uma mijada... Vê se pede uma
porçãozinha de linguiça de porco pra gente tomar mais umas... Melhor se for
linguiça daqueles açougues da feirinha, não quero linguiça de supermercado
não...
- Falou,
Zé! Vou pedir. Chefiaaa!!! Chega aqui, por favor!!!
... O Zé
Galdino mijou, balançou, guardou, se consertou e voltou pra mesa. Ubaldo foi
logo em seguida mijar e acabou peidando no mijador fedorento. De volta, ambos tomaram
mais umas, comeram linguiça frita e ficaram conversando. Apareceram uns cachaceiros chatos da mesa ao
lado, mas que ficaram falando o tempo todo de futebol, de Botafogo, de
Cruzeiro, xingando políticos etc e tal. Zé e Ubaldo esperaram ainda mais uns 40
minutos, ficaram de saco cheio, depois pagaram a conta e foram embora.
Até a
próxima!
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