quarta-feira, 11 de abril de 2018

CONVERSA DE BOTEQUIM: ZÉ GALDINO E UBALDO (11/4/2018)


 


Episódio de hoje: 
“A volta dos que não foram (foi só uma saidinha...)

Nos anos 80, exatamente em 1984, o Brasil não usava telefone celular, computador era coisa distante da vida das pessoas e internet, nem pensar, mas Zé Galdino e Ubaldo já existiam, ou melhor, tinham acabado de nascer, paridos de um caso entre a cabeça de um cara de 19 anos e uma velha máquina de datilografia.

Quase 35 anos depois, Zé e Uba estão de volta, sempre no seu habitat natural, que nada mais é do que uma mesa ou balcão de boteco, no melhor estilo “copo sujo”, como são conhecidos de forma elegante e preconceituosa os melhores botequins da vida.

E lá estão eles, em qualquer boteco da cidade, tomando umas e outras, falando disso, daquilo e de sei lá mais o quê...

            - Grande Zé...
            - Meu amigo Ubaldo...
            - Bom te ver aqui de novo...
            - Digo o mesmo... Tanto tempo, né... A gente vai vivendo e aprendendo a dizer: “vivendo e aprendendo”... Só que não aprende porra nenhuma... hehehe... Ô chefiaaa!!! Traz uma cerveja aqui pra gente!!!
            - Esse é o velho Zé Galdino da Silva que conheço... quaquaquá...
            - Da Silva, pode ser, mas sem Lula, tá bom...?
            - Claro, claro... Tem muita gente botando Lula no nome, como se fosse nome social, eu hein...
            - Ainda toma uma pinguinha?
            - Sim.
            - Chefiaaa!!! Bota duas pinguinha e uma bandinha de limão também!!!
            - Quem diria, hein Zé... A gente em tempo de internet, zap-zap, feicebuque, instagranas, vistos agora pelo mundo inteiro...
            - Pois é, Uba... Mas a grana continua pequena, em compensação, a alma...
            - Foda essa vida, né? Mas tá bom. A gente ainda tá vivo, a cirrose ainda não nos pegou, nem a incontinência urinária... quaquaquá...
            - O pulso ainda pulsa, Ubaldo véi... Lembrei de um amigo que tinha a mania de deixar o relógio sempre adiantado 10 minutos...
            - E daí?
            - Morreu dez minutos antes, só isso... hehehe...
            - Por falar em morrer, tá acompanhando a política?
            - Sim, de cabo a rabo, de Nanuque a Brasília, a mesma merda de sempre... Acho que melhor é ficar sem saber de porra nenhuma, Ubaldo. Penso que o emburrecimento é o segredo da eterna felicidade, hehehe...
            - Zé, e a prisão de Lula? O pepino do Temer, do Aécio e de um monte de filadamãe aí?
            - Questão de tempo. Justiça tem essa demora, os tais prazos, as decisões, os recursos, os embargos dos embargos dos embargos, mas tem hora que sai alguma decisão inteligente e – pimba! Lula tá preso. Como se diz por aí, ninguém está acima da lei, só se for a lei da gravidade... hehehe... Acredito em Deus, não sei se ele acredita em mim, pois até eu desacredito, mas...
            - Eu também duvido...
            - Pinguinha tá boa, né...
            - Boa... Zé, e o prefeito aí, o que a gente pode esperar desse governo, hein?
            - Ubaldo, acho que a gente pode esperar tudo... inclusive nada, hehehe... Até porque o tudo contém o nada, mas o nada nem sempre tem tudo, então, quem tem tudo pode ter nada, mas quem não sabe nadar...
            - Vixe! A cachaça já tá batendo rápido, véi? Ou você passou uns dias convivendo com a Dilma? A ex-presidente é que não falava coisa com coisa e não se expressava porra nenhuma, e tinha gente que batia palma...
            - Pior que ainda tem, Ubaldo. Pior que ainda tem...
            - Mais uma pinga aqui, chefiaaa!!!
            - Continuando a conversa, acho que o prefeito tá tentando começar o trabalho. Eu acredito! Nessa semana, inclusive, ele anunciou que vai tapar os buracos das ruas, já é um bom começo, né? Nanuque tá feia, suja e esburacada, mas vamos acreditando. Não podemos perder a esperança. Quem quiser, que se mude pra Reta, pro CAIC, pro Zarur, pro UDR, pro centro, sei lá...
            - Vila Esperança é o bairro da presidente da Câmara, né, Zé...
            - Quem? Ah, a Nininha boazinha, caridosinha... hehehe... A eterna presidente da Câmara. Enquanto for eleita, será sempre presidente, Ubaldo...
            - Não entendi... Por quê?
            - Ubaldo, a Nininha é a presidente de câmara do sonho de qualquer prefeito. Pode entrar e sair prefeito, mas Nininha fica. Ela é muito gente boa... hehehe... Vamos brindar aqui a Nininha... hehehe...
            - Pois é, né, Zé...
            - Chefiaaa!!! Outra cerveja!!! Daquela pocando...!!!
            - Ubaldo, a vida pública é assim. Tá vendo Brasília? Tem político que está sempre na moda, outros que até conseguem ficar fora de moda, são os “modíocres”. Como aquela dúvida: fazer xixi na praia vai aumentar ou diminuir a salinidade relativa dos oceanos?
            - Ah, Zé, vai perguntar isso pra Lula... De repente ele sabe.
            - Hehehe... Daqui a pouco, você vai começar aquele papo de coxinhas e pastéis...
            - Quaquaquá...
            - O pastel, antes da primeira mordida, é sempre um mistério recheado de surpresas. Coxinha vai pelo mesmo caminho, a diferença é que o pastel tem um enorme vazio entre carnes e queijos suspeitos, enquanto a coxinha é mais cheinha... hehehe...
            - Os candidatos a deputado já começam a aparecer, né...
            - Ubaldo, falando francamente, alguns pais de políticos poderiam ter usado camisinha ou tomado anticoncepcional antes da merda que fizeram...
            - Cerveja tá gostosa...
            - Sou mais aquela morena baixinha que passou ali do outro lado da rua agora...
            - Ué, Zé, tu tá véi... Te toca, mané...!
            - Sou mais novo que o Temer, rapaz! Ele já vai emplacar 78, mas a Marcela tem 34...
            - Mas você não é Temer!
            - E nem aquela baixinha ali é a Marcela, uai... hehehe... Por falar nisso, dia 16 de maio ela vai completar 35... Bonitona ela, né...? E eu sou mais gato que o Temer... hehehe... A diferença é que tô sempre quebrado...
            - Será que ela vai convidar nós dois pro aniversário?
            - Onde vai ser?
            - Não sei, mas tenho certeza que não será na Lagoa dos Namorados, nem na Gurilândia, nem na Praça de Alimentação, nem no Social Clube, nem no Pedra Negra, nem na sede do Lions, nem no Coreto em frente à Prefeitura... Desgraça pouca é bobagem, comida de porco é lavagem, quaquaquá...
            - Vejo que não estás mais aguentando beber, doutor Ubaldo... hehehe... Tá parecendo certos políticos por aí, que toda hora caga e senta em cima... Só não pode é chorar, como o Geddel chorou, nem dizer que não sabe de nada, como Lula ficou viciado em dizer. Fico pensando que somente o álcool liberta o ser humano dos bloqueios da razão, ou seja, bêbado não tem dono... hehehe...
            - Daqui a pouco o dono do saite ou do blogue aí vai querer que a gente escreva os dizeres “beba com moderação”... quaquaquá...
            - Ubaldo, você gosta de ceder?
            - CD? Prefiria o velho LP, mas veio o CD, mas agora nem CD mais eu tou ouvindo direito... Já peguei uns pendraive...
            - Tô falando de ceder, do verbo ceder, que vem de cessão...
            - Sessão da câmara de vereadores ou seção de tapa-buraco da secretaria de obras? Que porra é esse, Zé?
            - Ah, vai pra merda! Acho melhor ir no banheiro dar uma mijada... Vê se pede uma porçãozinha de linguiça de porco pra gente tomar mais umas... Melhor se for linguiça daqueles açougues da feirinha, não quero linguiça de supermercado não...
            - Falou, Zé! Vou pedir. Chefiaaa!!! Chega aqui, por favor!!!

... O Zé Galdino mijou, balançou, guardou, se consertou e voltou pra mesa. Ubaldo foi logo em seguida mijar e acabou peidando no mijador fedorento. De volta, ambos tomaram mais umas, comeram linguiça frita e ficaram conversando. Apareceram uns cachaceiros chatos da mesa ao lado, mas que ficaram falando o tempo todo de futebol, de Botafogo, de Cruzeiro, xingando políticos etc e tal. Zé e Ubaldo esperaram ainda mais uns 40 minutos, ficaram de saco cheio, depois pagaram a conta e foram embora.

Até a próxima!


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