Repasse seria condição imposta pela categoria para
aprovação de fundo extraordinário proposto pelo governador
Reunião na Assembleia Legislativa |
O repasse aos municípios de 50% do valor do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb) e o pagamento integral dos recursos devidos
ao transporte escolar foram as duas condições impostas por prefeitos dos Vales
do Mucuri e Jequitinhonha para apoiarem a criação do Fundo Extraordinário do
Estado de Minas Gerais (Femeg).
A medida é proposta pelo Governo do Estado no Projeto de
Lei (PL) 5.456/18, em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais
(ALMG). A exigência foi feita na quarta-feira passada (5/12/18), em audiência
pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO). O vereador
Antonio Carlos Aranha Ruas participou do evento como representante da Câmara e,
também, do Conselho Municipal do Fundeb. Estiveram presentes, também, os
vereadores Sidnei Pereira Silva, o Sidnei do Frisa, Solon Ferreira, Marcelo Félix, Edson
Mandela e Carlos Lucas.
Vereador Aranha |
Além das compensações a que o Estado tem direito pelas
perdas ocasionadas pela Lei Kandir, que desonerou o ICMS da exportação de
produtos não-industrializados, como o minério, a receita do Femeg será
constituída por outros créditos de natureza não tributária, como os decorrentes
de precatórios devidos pelos municípios e créditos judiciais devidos pela União
provenientes de decisão com trânsito em julgado até a publicação da lei.
O prefeito de Ponto dos Volantes e presidente da União
dos Prefeitos dos Vales do Jequitinhonha, Leandro Santana, criticou a intenção
de criação do fundo, ao dizer que os recursos mencionados pelo projeto não
existem.
“Buscamos esse acordo, que inclui o Fundeb e o transporte
escolar, antes da votação em 2º turno, na semana que vem. Pedimos o direito
fundamental dos professores receberem seus salários. O governo está se
apropriando do que não é dele. Não é favor nenhum pagar o ICMS aos municípios”,
frisou.
O prefeito de Itinga e presidente da Associação dos
Municípios da Microrregião do Médio Jequitinhonha (Ameje), Adhemar Marcos
Filho, reclamou da ausência de representantes do Executivo estadual à reunião.
Prefeitos do Jequitinhonha e Mucuri pressionam por
repasses
“É uma admissão de culpa, eles sabem do crime que estão
cometendo. Essa lei não tem interesse nenhum nos municípios. Esse fundo não
existe, temos de ficar atentos a isso. Se nossas instituições em Minas não
estão funcionando, como o Ministério Público e o Tribunal de Justiça, talvez
seja a hora de partir para Brasília”, opinou.
O prefeito de Itamarandiba e presidente da Associação dos
Municípios do Alto Jequitinhonha (Amaje), Luiz Fernando Alves, ressaltou, por
sua vez, que apenas o pagamento do ICMS devido não será suficiente para os
municípios.
“As cidades pobres têm uma arrecadação ínfima. Precisamos
pagar o transporte escolar, um serviço já prestado e que está com quatro meses
de atraso. Esse fundo privilegia cidades ricas. E esses prefeitos não estão
aqui. O que estamos pedindo não vai além do minimamente justo”, completou.
O deputado Carlos Henrique (PRB) anunciou que o governo
teria firmado acordo verbal com deputados e representantes da Associação
Mineira de Municípios (AMM) para, na próxima segunda-feira (10), quitar a dívida
relacionada ao ICMS e ao IPVA aos municípios mineiros.
De acordo com o parlamentar, o descumprimento desse
acordo implicará na não aprovação do projeto em 2º turno. “Só temos a lamentar
o descaso do governo frente ao cumprimento dessa obrigação constitucional”,
observou.
Um dos líderes da oposição, o deputado Gustavo Valadares
(PSDB) disse que o principal objetivo da matéria é “livrar a pele do governo” e
que nem esse nem qualquer outro acordo será cumprido por parte do Executivo.
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“Eles perderam a eleição, não têm compromisso nenhum com
vocês. Mas a batalha ainda não está perdida. O projeto só será votado em 2º
turno semana que vem. Mantenham a pressão e não acreditem enquanto o dinheiro
não estiver na conta. Ainda temos condições de derrotar o governo”, salientou,
ressaltando que não é a favor da aprovação do Femeg.
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