segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

LUTADOR NANUQUENSE QUE FARIA SUA ESTREIA NO MMA PASSOU MAL E PRECISOU SER INTERNADO NO CTI

Alexandre tem 21 anos e começou a treinar ainda adolescente

O nanuquense Alexandre
(foto - arquivo pessoal)
O lutador nanuquense Alexandre Pereira Silva, de 21 anos, que faria sua estreia no MMA profissional no domingo retrasado (28/01), no “Shooto Brasil 80”, durante o processo de corte de peso, na madrugada de sexta (26) para sábado, passou mal, sofreu convulsões e foi levado às pressas para um hospital na Zona Sul do Rio de Janeiro. Uma semana depois, Alexandre permanece no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) e, apesar de apresentar melhoras consideráveis no coração e nos rins, segue em estado crítico e sob risco de sequelas cerebrais.

Segundo o diretor executivo da Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA), Cristiano Sampaio, o lutador havia se submetido a todos os exames médicos exigidos pela entidade, responsável pela regulamentação do Shooto Brasil, e sido aprovado pelo médico da comissão em todos. Apenas um exame, o físico, foi realizado na véspera da pesagem e não teve seu resultado entregue. Nada indicava risco de complicações com o corte de peso.

“Fomos informados no sábado de manhã, a caminho da pesagem no Shooto, que um atleta da Nova União teve complicação na noite anterior, no início do processo de corte de peso. Pelo que a gente entendeu, é um atleta que não perde muito peso, vinha se alimentando e hidratando ao longo da semana e, naquela sexta-feira à noite, estava com 69 kg, ia lutar com 66 kg, ou seja, (relativamente) pouco peso para perder”, afirmou Sampaio.

ALEXANDRE E SEUS PAIS FORAM ALUNOS DE ARANHA

Os pais Eliane e Magno
(foto - Facebook)
O educador físico e personal trainer Antonio Carlos Aranha Ruas foi professor de Alexandre e também de seus pais na extinta “Aranha Academia”. Ele recorda: “Conheci o Alexandre ainda adolescente. Ele já tinha uma predisposição vocacionada ao esporte, demonstrando muita agilidade e flexibilidade, ótima coordenação motora, disciplinado e determinado. Era aluno do projeto free step, desenvolvido na academia”, disse Aranha. "Também fui professor de seus pais, o Magno e a Eliane, pessoas maravilhosas com as quais sempre convivi"

O educador físico Aranha Ruas
(foto - arquivo pessoal)
“Fiquei impactado com a notícia, mas estou orando e torcendo para a sua breve recuperação. É um atleta formidável que, com certeza, ainda vai protagonizar muitas conquistas, levando o nome de Nanuque além de nossas fronteiras. Hoje pela manhã, recebi uma mensagem do pai dele, o amigo Magno,  no WhatsApp, informando que o Alexandre está melhorando, todos os dias tendo uma vitória. Ele acredita que nesta terça-feira haverá sua transferência para o Instituto do Cérebro. Vamos continuar rezando com muita fé em Deus..

Alexandre nasceu em Nanuque, filho do casal Eliane Silva-Magno Barbosa e há dois anos decidiu ir morar no Rio de Janeiro para aprimorar seu talento. Ele tem 10 lutas amadoras e duas profissionais no muay thai, todas elas na categoria até 66kg. Na noite de sexta-feira, iniciou o processo de perda de peso faltando 3,8kg para atingir o limite da categoria, e convulsionou ao sair da banheira de água quente. Ele chegou ao hospital em estado crítico, e apresentou quadro de edema cerebral e complicações renais. Foi logo entubado e passou por procedimentos de reabilitação.

Apesar disso, os exames estavam quase normais e não indicavam que o lutador havia se desidratado muito. De acordo com André Pederneiras, treinador do atleta na equipe Nova União e presidente do Shooto Brasil, porém, o laudo fechado foi de "heat stroke", ou insolação severa (aumento da temperatura corporal que leva à convulsão).

“Segundo os médicos do hospital, a desidratação dele não era o que chamava a atenção do quadro. O laudo foi fechado como "heat stroke", o que seria um super aquecimento do corpo, coisa rara de acontecer, mas que aconteceu. Provavelmente o que aconteceu com Alexandre já aconteceu com vários atletas, mas que pela falta de conhecimento de alguns médicos nunca foi diagnosticado. Acho que todos os eventos no mundo teriam que se preocupar com esse problema; se aconteceu com o Alexandre, pode acontecer com qualquer um”, disse o treinador, que se mostrou surpreso com o caso.

“Isso deixou todos perplexos, porque digamos que o Alexandre seria o ‘atleta modelo’ para nada dar errado com ele. Ele é um atleta novo, de 21 anos, que perde pouco peso. Ele pesa 6 a 7 kg acima do peso da categoria, começou a perder o peso no início da semana, fez todos os exames necessários exigidos pela CABMMA para sua luta, e quando digo necessários, digo porque os mesmos exames exigidos para o Shooto são os mesmos para o UFC, e ele os fez na semana da luta, sem dar nenhum problema. Ele estava super bem hidratado e se alimentando bem a semana toda, segundo o atleta que o acompanhava a semana inteira”, contou.

Após o caso, o dirigente decidiu tomar medidas para as próximas edições do evento em relação ao corte de peso. Pederneiras considera que a criação de novas categorias podem minimizar os riscos dos cortes drásticos, e vai adotar mais divisões na sua organização, além de um controle mais rígido sobre a diferença de peso para os limites das categorias.

“Depois desse ocorrido, o Shooto criará mais seis categorias de peso, fazendo com que o atleta tenha uma diferença bem menor entre uma categoria e outra. Hoje contamos com 14 categorias no Shooto, passaremos a ter 21 categorias incluindo masculino e feminino. O atleta que, no dia da luta, passar de 12% do peso de sua categoria na hora da pesagem da comissão atlética, será proibido de lutar na categoria e será obrigado a subir de peso”, afirmou Pederneiras. (Fonte: sportv.globo.com - colaboração de Adriano Albuquerque, Raphael Marinho e Antonio Carlos Aranha Ruas)


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