Alexandre tem 21 anos e começou a treinar ainda adolescente
O nanuquense Alexandre (foto - arquivo pessoal) |
O lutador nanuquense Alexandre Pereira Silva, de 21 anos, que faria sua estreia no MMA profissional no domingo retrasado (28/01), no “Shooto
Brasil 80”, durante o processo de corte de peso, na madrugada de sexta (26) para
sábado, passou mal, sofreu convulsões e foi levado às pressas para um hospital
na Zona Sul do Rio de Janeiro. Uma semana depois, Alexandre permanece no CTI (Centro
de Tratamento Intensivo) e, apesar de apresentar melhoras consideráveis no
coração e nos rins, segue em estado crítico e sob risco de sequelas cerebrais.
Segundo o diretor executivo da Comissão Atlética
Brasileira de MMA (CABMMA), Cristiano Sampaio, o lutador havia se submetido a
todos os exames médicos exigidos pela entidade, responsável pela regulamentação
do Shooto Brasil, e sido aprovado pelo médico da comissão em todos. Apenas um
exame, o físico, foi realizado na véspera da pesagem e não teve seu resultado
entregue. Nada indicava risco de complicações com o corte de peso.
“Fomos informados no sábado de manhã, a caminho da
pesagem no Shooto, que um atleta da Nova União teve complicação na noite
anterior, no início do processo de corte de peso. Pelo que a gente entendeu, é
um atleta que não perde muito peso, vinha se alimentando e hidratando ao longo
da semana e, naquela sexta-feira à noite, estava com 69 kg, ia lutar com 66 kg,
ou seja, (relativamente) pouco peso para perder”, afirmou Sampaio.
ALEXANDRE E SEUS PAIS FORAM ALUNOS DE ARANHA
Os pais Eliane e Magno (foto - Facebook) |
O educador físico e personal trainer Antonio Carlos
Aranha Ruas foi professor de Alexandre e também de seus pais na extinta “Aranha
Academia”. Ele recorda: “Conheci o Alexandre ainda adolescente. Ele já tinha
uma predisposição vocacionada ao esporte, demonstrando muita agilidade e
flexibilidade, ótima coordenação motora, disciplinado e determinado. Era aluno
do projeto free step, desenvolvido na academia”, disse Aranha. "Também fui professor de seus pais, o Magno e a Eliane, pessoas maravilhosas com as quais sempre convivi".
O educador físico Aranha Ruas (foto - arquivo pessoal) |
“Fiquei impactado com a notícia, mas estou orando e
torcendo para a sua breve recuperação. É um atleta formidável que, com certeza,
ainda vai protagonizar muitas conquistas, levando o nome de Nanuque além de
nossas fronteiras. Hoje pela manhã, recebi uma mensagem do pai dele, o amigo Magno, no WhatsApp, informando que o Alexandre está melhorando, todos os dias tendo uma vitória. Ele acredita que nesta terça-feira haverá sua transferência para o Instituto do Cérebro. Vamos continuar rezando com muita fé em Deus.”.
Alexandre nasceu em Nanuque, filho do casal Eliane
Silva-Magno Barbosa e há dois anos decidiu ir morar no Rio de Janeiro para
aprimorar seu talento. Ele tem 10 lutas amadoras e duas profissionais no muay
thai, todas elas na categoria até 66kg. Na noite de sexta-feira, iniciou o
processo de perda de peso faltando 3,8kg para atingir o limite da categoria, e
convulsionou ao sair da banheira de água quente. Ele chegou ao hospital em
estado crítico, e apresentou quadro de edema cerebral e complicações renais.
Foi logo entubado e passou por procedimentos de reabilitação.
Apesar disso, os exames estavam quase normais e não
indicavam que o lutador havia se desidratado muito. De acordo com André
Pederneiras, treinador do atleta na equipe Nova União e presidente do Shooto
Brasil, porém, o laudo fechado foi de "heat stroke", ou insolação
severa (aumento da temperatura corporal que leva à convulsão).
“Segundo os médicos do hospital, a desidratação dele não
era o que chamava a atenção do quadro. O laudo foi fechado como "heat
stroke", o que seria um super aquecimento do corpo, coisa rara de
acontecer, mas que aconteceu. Provavelmente o que aconteceu com Alexandre já
aconteceu com vários atletas, mas que pela falta de conhecimento de alguns
médicos nunca foi diagnosticado. Acho que todos os eventos no mundo teriam que
se preocupar com esse problema; se aconteceu com o Alexandre, pode acontecer
com qualquer um”, disse o treinador, que se mostrou surpreso com o caso.
“Isso deixou todos perplexos, porque digamos que o
Alexandre seria o ‘atleta modelo’ para nada dar errado com ele. Ele é um atleta
novo, de 21 anos, que perde pouco peso. Ele pesa 6 a 7 kg acima do peso da
categoria, começou a perder o peso no início da semana, fez todos os exames
necessários exigidos pela CABMMA para sua luta, e quando digo necessários, digo
porque os mesmos exames exigidos para o Shooto são os mesmos para o UFC, e ele
os fez na semana da luta, sem dar nenhum problema. Ele estava super bem
hidratado e se alimentando bem a semana toda, segundo o atleta que o
acompanhava a semana inteira”, contou.
Após o caso, o dirigente decidiu tomar medidas para as
próximas edições do evento em relação ao corte de peso. Pederneiras considera
que a criação de novas categorias podem minimizar os riscos dos cortes
drásticos, e vai adotar mais divisões na sua organização, além de um controle
mais rígido sobre a diferença de peso para os limites das categorias.
“Depois desse ocorrido, o Shooto criará mais seis
categorias de peso, fazendo com que o atleta tenha uma diferença bem menor
entre uma categoria e outra. Hoje contamos com 14 categorias no Shooto,
passaremos a ter 21 categorias incluindo masculino e feminino. O atleta que, no
dia da luta, passar de 12% do peso de sua categoria na hora da pesagem da
comissão atlética, será proibido de lutar na categoria e será obrigado a subir
de peso”, afirmou Pederneiras. (Fonte: sportv.globo.com - colaboração de Adriano
Albuquerque, Raphael Marinho e Antonio Carlos Aranha Ruas)
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