Presidente da CDL admite que alguns estabelecimentos não
vão mais abrir suas portas; demissões já estão na faixa dos 200
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Naiara Lima: "Está ficando tudo muito difícil!" |
Comércio de Nanuque novamente fechado, somente as
atividades consideradas essenciais poderão ser abertas ao público. São os
efeitos de mais um decreto (nº 55/2020) assinado pelo prefeito Roberto de Jesus,
que endurece as medidas de segurança no combate ao coronavírus, em vigor desde
a quinta-feira (25).
O momento renova o clima de apreensão, medo e desespero
entre alguns empresários. A previsão pode chegar a uma quebradeira geral na
cidade daqui a dois ou três meses. A presidente da Associação Comercial e
Empresarial (ACE)/Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Naiara Souza Lima,
admite que o cenário verificado em muitas cidades já é uma realidade em
Nanuque.
“Já temos estabelecimentos que fecharam para não abrir
mais. Quanto às demissões, apenas as que chegam ao nosso conhecimento, estamos
chegando a 200, mas este número pode aumentar, se não tiver a prorrogação dos
auxílios emergenciais do governo para manutenção dos empregos”, afirmou.
“Os efeitos desastrosos da pandemia atingem principalmente
os estabelecimentos relacionados como não essenciais, incluindo lojas,
restaurantes, escolas particulares, os feirantes e os microempreendedores em
geral."
Os essenciais abrangem: supermercados, padarias, mercearias, açougues, hortifrutigranjeiros, peixarias, distribuidoras de gêneros alimentícios e itens de higiene e limpeza, distribuidora de água mineral e gás, postos de combustíveis, farmácias, laboratórios de análises clínicas, clínicas médicas. Lojas de produtos veterinários e rações, oficinas mecânicas, lojas de peças de veículos automotores e máquinas agrícolas, lojas de materiais de construção, agências bancárias e casas lotéricas podem funcionar, desde que sejam obedecidas as normas acordadas no artigo 7º do Decreto 24/2020, publicado durante o mês de março.
VENDAS CAÍRAM 70% - Naiara estima que o volume de vendas
vem registrando quedas em torno de 70%. “Está ficando tudo muito difícil!”,
lamentou. “Alguns estão buscando linhas de crédito ou fazendo uso de reservas
ou capital para suportar a manutenção de tantos meses sem funcionamento ou até mesmo funcionando
com restrições.”
PODER PÚBLICO COMETE INJUSTIÇA
Ela explica que o poder público comete injustiça ao “penalizar
somente um segmento, apontando que a razão da propagação do vírus está somente
nos serviços não essenciais. Isso não é verdade! Mesmo com o comércio fechado,
as ruas permanecem em movimento e com fluxo de pessoas circulando, o que prova
que essa medida não é eficaz.”
E acrescenta: “Os serviços tidos como essenciais estão
cheios, e, em sua maioria, com aglomeração e filas de pessoas. É injusto
penalizar o comércio que tanto está sofrendo para se manter de pé. Precisamos
encontrar um equilíbrio. Não estamos desconsiderando, de forma alguma, o risco
que esse vírus representa para todos nós.”
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Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais (FCDL-MG), Frank Sinatra |
QUEBRADEIRA
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes
Lojistas de Minas Gerais (FCDL-MG), Frank Sinatra, destaca que o segmento está
vivendo uma angústia. Se o fechamento do comércio continuar por mais um mês, muitos
empreendimentos podem fechar as portas definitivamente. Ele calcula mais de
50%. “Vai ser uma quebradeira”, afirma. Segundo ele, as empresas poderão não
ter dinheiro nem mesmo para pagar as eventuais demissões.
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de
Minas (ACMinas), Aguinaldo Diniz Filho, também ressalta que a situação das
empresas pode ser de falências e demissões caso não haja a ação do poder
público. Ele menciona a importância da isenção de tributos estaduais por seis
meses, prorrogáveis ou não, e a suspensão, pelo mesmo período, de execução
fiscal.
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Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Aguinaldo Diniz Filho |
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Além disso, na sua avaliação, é importante que o Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) facilite o acesso ao capital de giro,
com menos burocracia, fornecendo a liberação de linhas de crédito.
MICROS E PEQUENAS EMPRESAS GERAM 70% DOS EMPREGOS
Aguinaldo Diniz Filho destaca que as micro e pequenas
empresas (MPEs) geram 70% dos empregos no País e é muito importante pensar na
saúde financeira delas. “O isolamento social tem que ser feito. As atitudes
tomadas são necessárias, mas precisamos pensar em apoio econômico e financeiro
para as empresas também”, pondera.