O cidadão Aguinaldo Muniz de
Araújo, que em julho completará nada menos que 80 anos de idade, tornou-se
bastante conhecido em Nanuque como Nem do Acarajé, por ter mantido uma banca de
venda da gostosa iguaria durante 35 anos, de 1983 a 2018, funcionando no centro
da cidade – sempre na Av. Mucuri, primeiro na entrada da ponte principal,
depois na esquina com a Av. Santos Dumont.
Elson é autor da proposição apresentada na Câmara |
Na noite dessa segunda-feira
(20/5), Nem ficou sabendo da proposição apresentada na reunião Câmara pelo
vereador Elson Lima (PT), na qual recomendou ao prefeito Gilson Coleta o reconhecimento
do Município à produção e venda do acarajé como patrimônio de valor histórico e
cultural de Nanuque.
Segundo Elson, a indicação é um esboço
preliminar de futuro projeto de lei a ser apresentado, para oficializar o
reconhecimento.
“Pela divisa com o estado da
Bahia, e considerando o fato de Nanuque ter sido colonizada em boa parte por
nossos irmãos baianos, o acarajé tornou-se iguaria marcante da cidade e deve
merecer destaque no cardápio da nossa gastronomia. Dessa forma, a atividade de
produção e venda do acarajé deve ser oficialmente entendida como parte do nosso
patrimônio histórico e cultural", comentou Elson.
O ACARAJÉ – É preparado com um
bolinho de feijão-fradinho artesanal, temperado com cebola e sal, frito em
azeite de dendê e depois recheado com vatapá (leite de coco, castanha de caju,
amendoim e camarão), vinagrete e camarão seco, podendo ser servido “quente” ou “frio”,
ou seja, com muita ou pouca pimenta, conforme o linguajar popular.
“COMER BOLA DE FOGO”
A receita chegou ao Brasil
vinda do Golfo do Benim, na África Ocidental, por imigrantes africanos na época
da escravidão. A palavra acarajé se origina da língua africana iorubá: akará = bola de fogo e jé = comer, sendo assim, “comer bola de
fogo”.
Elson espera contar com o
apoio dos colegas quando apresentar o projeto de lei.
FOTOS - ARQUIVO DOS ANOS 1980 |
Na esquina das duas avenidas,
a banca de acarajé de Nem transformou-se numa espécie de “plenarinho” que
convergia gente de todo tipo – políticos (principalmente), intelectuais,
cachaceiros, professores, empresários, vendedores, ambulantes, filósofos de
plantão e até desempregados. Nem sempre foi engajado politicamente. Filiou-se
ao PT em abril de 1981, ou seja, 43 anos atrás, e já disputou eleições de
vereador. Permanece fiel ao partido até hoje.
“Essa matéria que o Elson apresentou
na Câmara merece meu agradecimento e elogio. Muitas cidades brasileiras,
principalmente da Bahia, já oficializaram o acarajé como parte do patrimônio cultural
e histórico”, comentou o quase oitentão Aguinaldo.
Por sua vez, o vereador disse
que o reconhecimento vai impulsionar Nanuque no campo da gastronomia, podendo
receber, inclusive, recursos do ICMS Cultural.
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