segunda-feira, 10 de julho de 2023

ARQUIVO: UMA VIDA SOBRE RODAS


Aos 102 anos, motorista de ônibus de BH guarda histórias da direção

 

Quase 80 anos atrás, em plena 2ª Guerra Mundial, ele chegou a trabalhar com transporte de cargas na região de Nanuque

 

Foto: Flávio Tavares / O Tempo


Matéria publicada no jornal O Tempo, de Belo Horizonte, atualizada em 7/7/2023, tendo como autor Guilherme Gurgel, mostra um pouco da trajetória de Onofre Ferreira da Silva, de 102 anos de idade, aposentado desde os 80, morador de Belo Horizonte.

 

Veja o texto, na íntegra:

 

 

VIDA SOBRE RODAS

 

Aos 102 anos, motorista de ônibus de BH guarda histórias da direção

 

Onofre esteve à frente de linhas do transporte público da capital por várias décadas e acompanhou as mudanças

 

Aos 102 anos, o que Onofre Ferreira da Silva se lembra quando olha para trás é do volante e das ruas de Belo Horizonte. O morador do bairro Nova Vista, na região Leste, passou quase seis décadas trabalhando como motorista de ônibus na capital. Guiado pela paixão por automóveis, acompanhou as mudanças na mobilidade na cidade. Em conversa com o Super, Onofre relembrou a jornada nas avenidas belo-horizontinas e nas rodovias do Estado.

 

A relação com a direção começou aos 11 anos, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Ele ficava fascinado com o Chevrolet 1929, do pai, e chegou a sair escondido, mesmo sendo uma criança. “Eu não sabia dirigir, engatava a primeira e andava cinco quarteirões. Não sabia nem virar, só ia em linha reta”, conta, em meio a risos.

 

No transporte público, começou a atuar em 1949, aos 27 anos. “A primeira linha foi a Coração de Jesus. Passei por Barroca, Gameleira, Anchieta, Serra e Getúlio Vargas”, enumera.

 

O motorista lembra da paisagem tomada por bondes. “No lugar do pirulito da praça Sete, era uma central, onde as linhas de bonde faziam o retorno. Depois começaram a aparecer os elétricos, nas quais trabalhei por muito tempo”, conta. Os trólebus rodaram em BH de 1953 a 1969. Os bondes saíram de circulação em 1963.

 

Aposentado desde os 80 anos, Onofre tem cinco filhos, oito netos e cinco bisnetos. Ele considera que o trânsito evoluiu, mas que é preciso segurança. “Podemos evitar muitos desastres. Tem que ter mais quebra-molas e placas de velocidade. Os motoristas andam com pressa”, critica.

 

Segunda Guerra Mundial

 

Em 1944, aos 23 anos, Onofre trabalhava com transporte de carga, na região de Nanuque (Vale do Mucuri). No trajeto, dava carona a soldados que seguiam para Caravelas (Bahia). Registros mostram que soldados mineiros integraram guarnições no litoral.

 

Dicas de ouro

 

Após décadas na direção, não é pouca a experiência de Onofre. Sem nunca ter causado um acidente nem sequer ter sido multado, ele compartilha duas dicas de ouro para ser um bom motorista: “Se o trânsito está ruim, você tem que ter calma, mantenha a distância do veículo que está à sua frente. Nunca tendo pressa para chegar”, explica. Antes de iniciar as viagens de ônibus, Onofre sempre fazia uma conferência geral do veículo: pneu, faróis, água do radiador, óleo e freios. (Transcrito: jornal O Tempo, de BH)

 

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